"Quando diversos
tocadores de flauta possuem mérito igual, não é aos mais nobres que as melhores
flautas devem ser dadas, pois eles não as farão soar melhor ; ao mais hábil é
que deve ser dado o melhor instrumento". Trata-se de meritocracia...
(ARISTÓTELES)
Aristóteles, em sua obra
“A Política” externa o pensamento acima aposto. Esta frase está num contexto em
que tergiversa acerca da igualdade e justiça na sociedade politicamente
organizada em que vivia e defende que ao mais habilidoso em cada área é que se
deveria entregar os mais altos cargos respectivos e não aos mais ricos, mais
belos, mais amigos, mais nobres, etc.
Acerca da igualdade este
grande filósofo também elaborou o seguinte sistema: “devemos tratar os iguais igualmente e os desiguais desigualmente na
exata medida de sua desigualdade”.
Posteriormente esta
fórmula foi denominada de “equidade aristotélica” que se protrai até a
atualidade, como por exemplo, muito presente nas mitigações conferidas ao caput do artigo 5º da Constituição
Federal da República Federativa do Brasil: “todos
são iguais perante a lei...”.
Estes princípios são
bastante corretos e coesos; no sentido positivo: a verdadeira igualdade, logo
justiça, consiste em entregar o melhor e em maior quantidade para o que com
maior habilidade executa o serviço, por uma razão óbvia, ou seja, esse
procedimento refletirá em um bem comum e beneficiará a todos. No sentido
negativo: ao que é menos capaz é preciso lhe exigir menos colaboração e entrega,
igualando-os nas suas desigualdades.
Note que se o sistema
inverso é implantado exsurge invariavelmente a desigualdade, ou seja, se
entregamos medidas iguais para o que faz um mau trabalho e para o que faz um
bom trabalho está caracterizada a desigualdade além do que toda coletividade
sofrerá com este procedimento (qualquer semelhança com o Brasil atual é mera
coincidência).
Jesus, o Mestre, muito
tempo antes de Aristóteles criou este princípio e o expressou em parábola:
"Então
o Reino dos Céus será semelhante... E também será como um homem que, ao sair de
viagem, chamou seus servos e confiou-lhes os seus bens. A um deu cinco talentos,
a outro dois, e a outro um; a cada um de acordo com a sua capacidade. Em
seguida partiu de viagem. O que havia recebido cinco talentos saiu
imediatamente, aplicou-os, e ganhou mais cinco. Também o que tinha dois
talentos ganhou mais dois. Mas o que tinha recebido um talento saiu, cavou um
buraco no chão e escondeu o dinheiro do seu senhor. "Depois de muito tempo
o senhor daqueles servos voltou e acertou contas com eles.
O que tinha recebido cinco talentos trouxe os outros cinco e disse: ‘O senhor me confiou cinco talentos; veja, eu ganhei mais cinco’. "O senhor respondeu: ‘Muito bem, servo bom e fiel! Você foi fiel no pouco; eu o porei sobre o muito. Venha e participe da alegria do seu senhor! ’ "Veio também o que tinha recebido dois talentos e disse: ‘O senhor me confiou dois talentos; veja, eu ganhei mais dois’. "O senhor respondeu: ‘Muito bem, servo bom e fiel! Você foi fiel no pouco; eu o porei sobre o muito. Venha e participe da alegria do seu senhor! ’ "Por fim veio o que tinha recebido um talento e disse: ‘Eu sabia que o senhor é um homem severo, que colhe onde não plantou e junta onde não semeou.
Por isso, tive medo, saí e escondi o seu talento no chão. Veja, aqui está o que lhe pertence’.
"O senhor respondeu: ‘Servo mau e negligente! Você sabia que eu colho onde não plantei e junto onde não semeei? Então você devia ter confiado o meu dinheiro aos banqueiros, para que, quando eu voltasse, o recebesse de volta com juros."‘Tirem o talento dele e entreguem-no ao que tem dez. Pois a quem tem, mais será dado, e terá em grande quantidade. Mas a quem não tem, até o que tem lhe será tirado. (Mateus 25:14-29)
O que tinha recebido cinco talentos trouxe os outros cinco e disse: ‘O senhor me confiou cinco talentos; veja, eu ganhei mais cinco’. "O senhor respondeu: ‘Muito bem, servo bom e fiel! Você foi fiel no pouco; eu o porei sobre o muito. Venha e participe da alegria do seu senhor! ’ "Veio também o que tinha recebido dois talentos e disse: ‘O senhor me confiou dois talentos; veja, eu ganhei mais dois’. "O senhor respondeu: ‘Muito bem, servo bom e fiel! Você foi fiel no pouco; eu o porei sobre o muito. Venha e participe da alegria do seu senhor! ’ "Por fim veio o que tinha recebido um talento e disse: ‘Eu sabia que o senhor é um homem severo, que colhe onde não plantou e junta onde não semeou.
Por isso, tive medo, saí e escondi o seu talento no chão. Veja, aqui está o que lhe pertence’.
"O senhor respondeu: ‘Servo mau e negligente! Você sabia que eu colho onde não plantei e junto onde não semeei? Então você devia ter confiado o meu dinheiro aos banqueiros, para que, quando eu voltasse, o recebesse de volta com juros."‘Tirem o talento dele e entreguem-no ao que tem dez. Pois a quem tem, mais será dado, e terá em grande quantidade. Mas a quem não tem, até o que tem lhe será tirado. (Mateus 25:14-29)
Esta parábola está
inserida num contexto em que Jesus tenta explicar (dentre outros pontos como
por exemplo que se deve manter a vida em ordem por não se saber o dia em que
Jesus voltará), como funcionam o princípio da igualdade e justiça do seu Reino.
Esclarece que todos
receberão conforme seu procedimento e ao mais dedicado mais recompensado será. Por
outro lado, o negligente perderá o pouco que tem, o diligente receberá muito e
o melhor receberá ainda mais.
Esta é uma sistemática que
incentiva a dedicação, o zelo, o progresso de um Reino que pertence a Deus mas
que foi dividido com os homens, os quais tem a sua parcela de responsabilidade
neste reino. Estabelecer um sistema inverso fomentaria o desleixo e a desídia
pois de uma forma ou outra todos receberiam a mesma porção em todos as áreas.
Por tais razões o “reino
capitalista” não funciona em seu ideal uma vez que tem como substrato uma
competição desenfreada e cruel e na outra ponta não com menos fracasso o “reino
socialista ou comunista” o qual esvazia qualquer arremedo de estímulo por
perseguir uma igualdade cega.
Imprescindível que se faça
algumas ressalvas: a parábola não se refere propriamente à ganhos financeiros, até
mesmo porque a lógica do Reino de Deus em comparação com a realidade atual é
invertida, ou seja, maior é o que mais serve e
não o que é mais servido; o texto fala claramente em recompensas de toda
ordem, contudo, a maior recompensa é a aprovação do Senhor. A parábola
obviamente também não incentiva competição alguma entre os servos porque o
julgamento de Deus não é comparativo como diz a própria parábola, cada qual
está inserido em realidades diferentes, antes o julgamento é conduzido por um
Justo Juiz e se expressa de forma individual e leva em conta as possibilidades
e dificuldades de cada um. Indispensável também frisar que este sistema não é
aquele estabelecido para salvação que se dá por meio da fé e não por méritos
humanos.
Portanto o recado do
Mestre ainda ecoa ao longo dos anos e ecoará até sua volta: caminhem além do
dever, façam sempre mais em relação à todas as pessoas e bens que Deus colocou
em suas mãos, seja pouco, seja muito, porque o melhor é quem receberá maior
elogio.